O que acontece quando um arquiteto e artista plástico cria sua própria casa? Muita cor, estilo, soluções bacanas, integração com a natureza e personalidade!
Por: Cordel de Achados/ Foto: Ronaldo Rufino
São 450 m² localizados na cidade de Londrina, Paraná, repletos de arte, elementos dos anos 1950 e 60 – pastilha, elementos vazados e o gradil na entrada da casa – e integração proporcionada pelos grandes panos de vidro, usados nos fechamentos.
Em meio a toda essa leveza, o arquiteto e artista plástico José Gonçalves imprimiu personalidade na arquitetura e decoração divididos entre o estilo vintage e o contemporâneo, ao inserir na construção obras singulares e de gosto peculiar que contam história. Elas são autorais e estão lado a lado com objetos de viagens, como os vasos trazidos de países exóticos como Sumatra, Índia, Bali e Vietnã ou mesmo as esculturas das panteras à vista logo na entrada da casa.
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“Tirei partido da transparência e da área verde existente na lateral do terreno ao máximo. Essa morada é meu sonho realizado. Dentro das possibilidades, fiz tudo que eu queria. O que mais gosto? Estar aqui”, reflete o artista. A casa também reflete o desejo do morador de ter um lugar menor e totalmente separado do ambiente de trabalho, o ateliê de José Gonçalves. Para realizar este sonho foi preciso cerca de um ano e meio, o tempo que durou a obra.
Na entrada, esculturas de duas panteras. O revestimento externo da casa chama-se massa podre. Sobre essa técnica foi aplicada tinta.
Terreno respeitado
Ao longe, panos de vidro destacam-se na fachada. Eles propiciam uma integração total entre os moradores e a natureza.
A construção segue a orientação do terreno em forma de leque. São três pavimentos orientados para a área de lazer, a piscina. “A intenção era proporcionar uma atmosfera com estilo despojado para receber amigos e convidados”, explica o artista. Por isso, toda a residência tem um layout pensado para receber. O térreo agrega estar, home, sala de jantar, lavabo, cozinha e área de serviço; o subsolo abriga uma generosa garagem e os depósitos. O pavimento superior oferece três suítes completas.
A suíte principal destaca-se. A parede atrás da cama é revestida com pele e a oposta, com pastilhas na cor azul. Há um contraste entre elementos quentes e refrescantes, reflexo do estilo do morador. No banheiro, revestimentos como mármore, porcelanato e pastilha poás em tom de cinza combinam com a peça em arenito esculpido, de Bali, também presente na piscina.
Atrás da cama, a parede é revestida com pele. Do lado oposto, com pastilhas na cor azul, responsáveis por dar um tom refrescante ao ambiente.
Os acabamentos no banheiro são mármore, porcelanato e pastilha poá em tom de cinza.
Luz natural e ventilação cruzada
Além da integração entre vários ambientes internos – o arquiteto queria usar toda a área disponível, por isso optou por espaços interligados -, a morada está em total comunhão com a bela paisagem externa. Para isso, José Gonçalves aplicou generosos panos de vidro nos fechamentos, dando a sensação de que a vegetação faz parte do interior. A luz natural e a brisa invadem cada ambiente por meio da ventilação cruzada, dispensando na maioria das vezes o uso do ar condicionado. Para controlar a intensidade da luz e a temperatura interna, persianas se espalham pelos ambientes.
À noite, abajures posicionados estrategicamente tornam a ambientação intimista. O equilíbrio com a natureza também é observado pelo uso de materiais sustentáveis, como os tijolos de demolição e de vidro.
Materiais funcionais
As cores verde da vegetação e o azul das pastilhas remetem ao mar, que, mesmo distante da cidade, empresta conceitos de profundidade e calmaria ao projeto.
Gonçalves priorizou espaços funcionais, com tudo à mão, prático e de fácil limpeza. “Aqui a terra é muito vermelha, por isso houve uma preocupação extra com a manutenção”, confessa o arquiteto. Já o mobiliário fixo prioriza armários planejados nos banheiros, nas suítes, na cozinha, churrasqueira, área de serviço, entre outros. Todos – a exemplo da cristaleira e dos balcões – com portas de vidro e gavetas de madeira. “Queria aconchego e contraste com os outros materiais”.
As tonalidades sóbrias dos marrons e concreto foram coordenadas ao verde da vegetação e ao azul das pastilhas. A mistura remete ao mar, que, mesmo distante da cidade, empresta conceitos de profundidade e calmaria ao projeto repleto de estilo.
Os armários superiores na cozinha têm portas de vidro e gavetas de madeira.
Na sala, a cadeira de design Eames Wood, de Charles & Ray Eames.
Por todos os lados, boas lembranças, peças ousadas, texturas inusitadas e cores vibrantes criam um local de descanso com cara de casa de férias.
A residência representa o refúgio do artista em meio ao cenário urbano da cidade.
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Quem fez o quê?
Arquitetura e design do forro de madeira, José Gonçalves
Móveis planejados, Evviva Bertolini
Vidros, Projevidros
Gradil da porta de entrada, Fênix
Paisagismo, Sérgio Fernandes
Plantas, Garden Center Holambra
Tintas, Suvinil
Pastilhas da piscina, Jatobá
Tapete cinza redondo da sala, Avanti
Maggiolina Chair e móvel da TV, Brentwood
Abajur branco na sala, Renatta Costa
Lustre de madeira na sala, Art & Luz
Piso, Portobello
Tapete colorido na sala, Cia do Tapete
Abajur preto e vaso azul sobre aparador, Desmobilia
Sofá branco na sala, Artefacto
Cadeiras coloridas na sala de jantar, Studio A.G.A
Móvel vermelho da sala de jantar e aparador, Sandra Fuganti
Cadeira branca Eames Wood na sala, Tok&Stok
Escada/estruturas metálicas e execução do forro de madeira, Serralheria Art Nova